Mulheres em um mundo em aquecimento: como a desigualdade de gênero se faz sentir sob à ótica das mudanças climáticas.

November 13th & 14th, 2018 (1)

*Fonte: DW, por Braima Darame.

 

O aquecimento global já não é segredo. A comunidade científica internacional já reconhece e estima o quanto desse aquecimento é devido à atividade humana e, em conjunto com “tomadores de decisão”, organizações e a comunidade em geral, vem propondo medidas e acordos internacionais – como o recente Acordo de Paris – para combater esses impactos.

Ao contrário do que Donald Trump muitos pensam, esses impactos já poderão ser sentidos e vistos pela nossa geração. Desastres naturais como enchentes, deslizamentos, secas e furacões, serão cada vez mais intensos e frequentes1 e a consequência disso já pode ser sentida na agricultura, na biodiversidade, na proliferação de doenças e na qualidade e abundância de água potável2. Isso gera inúmeras implicações para o nosso modo de vida, pois além de interferir diretamente na própria saúde da população, afeta também a economia mundial. As mudanças climáticas, que eram um problema do futuro, são um problema do presente. Um problema que tem endereço, mas também tem gênero e classe social.

As mulheres constituem a maior parte da população mundial pobre e, portanto, são mais dependentes dos recursos naturais ameaçados pelo contexto das mudanças climáticas. Elas também sofrem todo tipo de pressão social, econômica e política que limitam a capacidade delas de se adaptarem a essas mudanças. As mulheres têm acesso desigual aos recursos e pouca participação na tomada de decisões em todos os âmbitos, sendo desproporcionalmente afetadas pelo aquecimento global e suas implicações, principalmente nas zonas rurais3.

Fica claro que não se pode combater a desigualdade de gênero sem combater a pobreza – e a máxima também é verdade no que diz respeito aos impactos das mudanças climáticas.

Existe uma necessidade de identificar estratégias de resposta a crises ambientais e humanitárias que sejam sensíveis às desigualdades de gênero3. Seguindo esse pensamento, a ONU busca essas estratégias levando em consideração os seguintes cenários: recursos hídricos, biodiversidade, saúde, migração e agricultura.

Recursos Hídricos (1)

*Informações do infográfico foram retiradas de “Fact Sheet: Women, Gender Equality and Climate Change”, UN WomenWatch.

 

As mulheres, em particular as mais pobres, são as mais vulneráveis aos impactos das Mudanças Climáticas.

 

Mas, e aí? || Ou, como combater?

O Acordo de Paris, entende a necessidade de incluir políticas que protejam as mulheres das mudanças climáticas em curso. Cabe que se pressione pelo cumprimento das estratégias de resposta a essa desigualdade, transformando as mulheres em agentes combativos que tenham voz nas convenções que tratam do assunto. Também se trata de incentivar a participação das mulheres no campo das tecnologias de mitigação e adaptação, como as energias renováveis, e garantir que o financiamento de tais estratégias também aconteça com igualdade entre os gêneros.

 

____________________________________________________________________________________________

Referências:

1From, A. Explaining Extreme Events of 2014. 2015. Bulletin of the American Meteorological Society, 96 (12).

2 Change, IPCC Climate. 2013. The physical science basis. Contribution of working group I to the fifth assessment report of the intergovernmental panel on climate change, 1535 pp.

3 52nd session of the Commission on the Status of Women. 2008. Gender perspectives on climate change. United Nations.

4 UN Chief Executives Board (CEB). 2007. Coordinated UN System Action on Climate Change. United Nations.

5 Khan, M. M. H. et al. Magnitude of Arsenic Toxicity in Tube-Well Drinking Water in Bangladesh and its Adverse Effects on Human Health Including Cancer. 2003. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention, 4. Web.

Arsenic Mitigation in Bangladesh. 2008. Rep., UNICEF. Web.

Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. 2005. Millennium Ecosystem Assessment.

8 Lambrou, Y. et al. 2006. Energy and Gender in Rural Sustainable Development. FAO, Rome.

UN Women and UNIDO. 2013. Sustainable Energy Services: The Gender Dimension.

10 Resource Guide on Gender and Climate Change. 2009. UNDP, United Nations.

11 Chan, M. 2007. Climate Change and Health: Preparing for unprecedented challenges. Keynote statement, U.S. National Institutes of Health, Maryland, USA.

12 UN Women and UNIDO. 2004. Our Planet: Women, Health and the Environment. United Nations, 15, 12.

13 Migration, Climate Change and the Environment. 2009. Policy brief, IOM.

14 Women and Food Security. 2011. FAO, Rome.

 

2 comentários sobre “Mulheres em um mundo em aquecimento: como a desigualdade de gênero se faz sentir sob à ótica das mudanças climáticas.

  1. É impressionante como a mulher pode ser afetada em todas essas condições. Infelizmente estamos num mundo machista e é difícil mudar isso quando os governantes mundiais não dão exemplo na busca dessa igualdade, em qualquer seguimento. Outra coisa fico com dúvida se o acordo de PARIS sem a participação dos EUA que é uma grande potencia se sustenta? É extremamente importante para o futuro limitar e minimizar esse aquecimento, para o bem de todos.

    Curtir

  2. Pingback: ClimaInfo - Notícias sobre mudanças climáticas, energias renováveis e muito mais.

Deixe um comentário